O crescimento do mercado de moedas digitais tem feito os governos em geral prestarem muita atenção sobre o que está acontecendo. Antes, há aproximadamente 2 ou 3 anos atrás, a posição da maioria dos principais países a respeito de criptomoedas era neutro, pouco interessado a respeito do que havia, afinal o market cap dessas moedas era relativamente pequeno (não representativo).
Mas as coisas definitivamente mudaram em 2017. O Bitcoin (BTC) – principal e mais antiga moeda – obteve uma valorização de mais de 13.000%. Algumas outras altcoins tiveram valorizações ainda maiores, como a Ripple, por exemplo, que cresceu quase 50.000% em um ano. Esse crescimento acelerado e representativo (o market cap passou a ser de meio trilhão de dólares) chamou a atenção de todos os governos.
De um lado, a posição unânime fica em torno do medo que as oscilações desse mercado podem causar para os pequenos investidores; afinal, muitas pessoas passaram a comprar/investir nesse mercado sem ter recursos para tal, literalmente apostando tudo o que possuem na expectativa de se aposentar em pouco tempo, ficar rico, sem conhecer ou saber de fato o que estão fazendo. É a famosa “onda de euforia” que levantou suspeitas de bolha financeira. Recentemente, por exemplo, os bancos passaram a proibir compras de criptomoedas utilizando cartão de crédito, por medo de que a inadimplência seja sobremodo elevada. Até mesmo os investidores que não possuem muito conhecimento sobre mercado em geral estão aprendendo a comprar criptomoedas utilizando exchanges estrangeiras.
França e Alemanha já se posicionaram a respeito de uma possível regulação global, com a intenção de levar esse assunto para a pauta de discussão do G20 que acontecerá na Argentina em 2018. Ao que tudo indica, haverá defensores e ataques contra e a favor desse mercado, dado que as opiniões dos países pertencentes ao G20 divergem, principalmente em relação à China e à Coréia do Sul, que tem se mostrado mais resistentes a esse mercado.
Os Estados Unidos parecem estar dispostos a realizar uma regulação no que se refere à lavagem de dinheiro (AML – Anti Money Laundering) e identificação dos consumidores que utilizam as criptomoedas (KYC – Know Your Consumer). Esse tipo de regulação pode ser leve ou pesada, ou seja, talvez as exchanges não estejam preparadas para implementar tais requisições e o mercado sofra bastante com isso. A tecnologia blockchain utilizada na segurança Bitcoin e em diversas outras criptomoedas não permite uma identificação KYC no momento. Moedas privadas como Zcash, Monero, Dash, Verge, apresentam ainda menos informações para os governos e para as receitas federais a respeito dos clientes.
Os próximos capítulos dessa discussão irão revelar muitas coisas, podendo fazer o mercado que hoje situa-se em torno de 300 bilhões de dólares a algo perto de 10 trilhões, ou pode fazer o mercado minguar e retornar a proporções menores e menos interessantes. Tal maturidade será posta à prova.